Vendas de pneus em outubro recuam 7,4 % frente ao ano anterior. No acumulado do ano a queda é de 3,2%, aponta ANIP.
Indústria segue com o desafio de concorrência desleal de importados, que impactam o mercado de reposição.
As vendas totais de pneus no mercado brasileiro em outubro registraram queda de 7,4% frente ao mesmo mês do ano anterior (um saldo negativo de mais de 280 mil pneus). No acumulado do ano, houve recuo de 3,2% frente ao mesmo período do ano anterior (uma redução de mais de 1 milhão de pneus). O desempenho foi impactado principalmente pela contração de 6,7% no mercado de reposição (uma redução de mais de 1,5 milhão de pneus).
“O retrato do ano é muito ruim para a indústria, especialmente pelo acirramento da concorrência com pneus importados, que seguem entrando no país a valores muitas vezes inferiores ao custo de produção”, diz Rodrigo Navarro, presidente da ANIP. “Seguimos trabalhando de forma propositiva para enfrentar as ameaças de perda de investimentos, empregos e de desorganização do ecossistema produtivo no Brasil”, aponta o executivo.
Segundo o dirigente, “buscamos o que o mercado internacional está fazendo, como México, EUA e Europa, que é exigir condições isonômicas de atuação no Brasil, seja por parte de fabricantes ou importadores – e isso tem a ver não só com questões fundamentais envolvendo custos e preços, mas também de cumprimento de normas ambientais e de conformidade técnica”.
No acumulado do ano, o desempenho foi impactado principalmente pelo recuo de 6,7% no mercado de reposição. O segmento de montadoras, por outro lado, apresentou alta de 4,1%, mas não foi suficiente para conter a queda total do segmento no período.
Na categoria passeio, as vendas totais de pneus apresentaram retração de 2,7% nos dez primeiros meses do ano, enquanto o mercado de reposição recuou 6,6%. As vendas para montadoras, a única a apresentar alguma alta, avançou 4,9%.
No segmento de carga, as vendas totais no acumulado do ano diminuíram 5,5%. As vendas para montadoras registraram queda de 0,6%, e o mercado de reposição caiu 7,4%.
As vendas de pneus para motocicletas para o mercado de reposição seguiram em queda no acumulado do ano, com recuo de 11,7% no comparativo com o mesmo período de 2024.
Retração e Cadeia produtiva
A retração no ano já começa a impactar a cadeia de produção, que envolve produtores de borracha e fabricantes de químicos, têxteis e aço, ecossistema que gera mais de 500 mil indiretos no Brasil. “As dificuldades enfrentadas estão criando um problema sistêmico no Brasil e podem levar à desindustrialização e perda de empregos”, avalia Navarro.
Para o presidente da Associação Brasileira de Produtores e Beneficiadores de Borracha Natural (Abrabor), José Fernando Benesi, o setor produtivo da borracha natural brasileira vive um momento de profunda preocupação. “A forte entrada de pneus importados que tem chegado ao nosso país, em condições por vezes desleais, conforme atestado pelas ações antidumping estabelecidas pelo governo, está impactando a indústria e refletindo no produtor”, diz. “Esse desafio representa perda de espaço da indústria nacional e, consequentemente, uma significativa queda na demanda pela borracha natural brasileira”, alerta.
Na avaliação do presidente da Abrabor “quando a indústria nacional de pneus é afetada desta forma, toda a cadeia fica comprometida. O produtor rural, que vive do cultivo da seringueira e do manejo sustentável da floresta, já sente os efeitos da retração do mercado e se preocupa com a viabilidade da manutenção dessas indústrias no país. Precisamos de ações urgentes, e estamos ao lado da indústria nacional para construirmos juntos”, aponta.
Desempenho mensal
Na avaliação do desempenho mensal, o balanço da ANIP registra crescimento de 8,7% na comparação com setembro. As vendas totais da indústria brasileira de pneus em outubro caíram 7,4% no comparativo com o ano anterior. Houve perda de volume em reposição, com queda de 4% e recuo de 13,4% no segmento montadoras. “Tivemos algum alívio em setembro em relação ao mês anterior, que foi ainda mais baixo, mas o quadro geral do ano é de muita dificuldade para os fabricantes nacionais, que enfrentam concorrência desleal dos importados”, diz Navarro.
Em contraste com o cenário do ano, frente a setembro as vendas totais cresceram 8,7%, puxadas pelo desempenho do mercado de reposição, que registrou alta de 15,3%. As vendas para montadoras, por outro lado, tiveram leve queda de 2,3%.
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